quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Feito a mão.

Eu queria era me envergonhar dele.
Ter motivos de sobra para me fazer desistir.
Algum sinal, um gesto, um tique, uma grosseria, uma palavra dita na hora errada.
Mas nada. Mesmo errando feio, ele sempre acerta. Tudo nele tem um charme, tem um quê de sedução implícito - ou explícito. Não dá pra brigar com o que o corpo, a alma, o coração, a vida já escolheu.
Só queria algo que me fizesse perder essa ternura, esse tesão, essa saudade, essas dúvidas.
Esqueceu o recato, cresceu do jeito que veio ao mundo. É  todo entrega e todo mistério. É todo beleza em tudo o que faz ou deixa por fazer.
E nem dormindo ele me despreza. Com ele eu não perco nada, só acho o que me encanta.
E essa tentativa de me desvencilhar, de sufocar até matar o sentimento só aflora o que eu tento esconder. Só aumenta o que eu tento apagar com ausência.
E não adianta me esconder.
Ele vai questionar o sumiço da forma mais linda possível, resgatando tudo o que ficou pra trás.
Com aquela voz que me anestesia até o pensamento: "sou seu, não tem jeito."
E eu que achava que ficando só, ficaria melhor....
Soube desde o início que melhor sem ele, não podia ficar.
Esse sim, foi feito pra mim.

E o que a gente mais quer, de verdade
É o que a gente nunca pensou em querer.

Idealizar é simplesmente não querer.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Eu tomo calmante para poder dormir, ele acorda cedo para aproveitar o dia. Eu bebo café para conseguir trabalhar, ele une o útil ao agradável. Eu uso artifícios para me divertir em festas, ele não tem hora para ser feliz. Eu chego atrasada, ele está sempre onde queria estar. Eu demoro para escolher um prato, vestir uma roupa, para decidir onde ir à noite. Ele me espera sorrindo, com as chaves na mão, do lado de fora de casa. Eu brigo no trânsito, reclamo do tempo, falo mal das pessoas que não me fazem bem. Ele viaja para mudar os ares. Eu tenho ciúmes até da sua mãe. Ele prega o amor livre. Eu espero muito, espero até não poder mais. Ele chega sem avisar. Eu choro, esperneio, canto, brigo, dou gargalhadas, sofro, sinto, tento, compro... ele só me pede: “fica mais um pouco”.  Eu planejo tudo, até o que não posso controlar. Ele se contenta em viver. Eu desisto. Ele se permite. Eu me calo. Ele insiste. Eu me abalo. Ele se dispersa. Tão diferente de mim, que às vezes me pergunto o que foi que a gente viu um no outro. O que a gente não viu ou que nos fez gostar tanto a ponto de sempre querer mais. E mais uma vez enquanto eu penso, deliro, tenso... Ele brinca com a simplicidade que nos faz voar.



"Os opostos se distraem
  Os dispostos se atraem."
                 O Teatro Mágico

terça-feira, 9 de agosto de 2011

E agora?

O que faço com a sua calma
enquanto estou aqui,
correndo contra o tempo?

(render-me a ti?)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

'Como dois estranhos,
Cada um na sua estrada,
Nos deparamos, numa esquina, num lugar comum.
E aí? quais são seus planos?
Eu até que tenho vários.
Se me acompanhar, no caminho eu possso te contar.
E mesmo assim, queria te perguntar,
Se você tem aí contigo alguma coisa pra me dar,
Se tem espaço de sobra no seu coração.
Quer levar minha bagagem ou não?

E pelo visto, vou te inserir na minha paisagem
E você vai me ensinar as suas verdades
E se pensar, a gente já queria tudo isso desde o início.
De dia, vou me mostrar de longe.
De noite, você verá de perto.
O certo e o incerto, a gente vai saber.
E mesmo assim,
Queria te contar que eu talvez tenha aqui comigo,
Eu tenho alguma coisa pra te dar.
Tem espaço de sobra no meu coração.
Eu vou levar sua bagagem e o que mais estiver à mão.'

Dois, da Tiê. (música linda!)