quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Eu tomo calmante para poder dormir, ele acorda cedo para aproveitar o dia. Eu bebo café para conseguir trabalhar, ele une o útil ao agradável. Eu uso artifícios para me divertir em festas, ele não tem hora para ser feliz. Eu chego atrasada, ele está sempre onde queria estar. Eu demoro para escolher um prato, vestir uma roupa, para decidir onde ir à noite. Ele me espera sorrindo, com as chaves na mão, do lado de fora de casa. Eu brigo no trânsito, reclamo do tempo, falo mal das pessoas que não me fazem bem. Ele viaja para mudar os ares. Eu tenho ciúmes até da sua mãe. Ele prega o amor livre. Eu espero muito, espero até não poder mais. Ele chega sem avisar. Eu choro, esperneio, canto, brigo, dou gargalhadas, sofro, sinto, tento, compro... ele só me pede: “fica mais um pouco”.  Eu planejo tudo, até o que não posso controlar. Ele se contenta em viver. Eu desisto. Ele se permite. Eu me calo. Ele insiste. Eu me abalo. Ele se dispersa. Tão diferente de mim, que às vezes me pergunto o que foi que a gente viu um no outro. O que a gente não viu ou que nos fez gostar tanto a ponto de sempre querer mais. E mais uma vez enquanto eu penso, deliro, tenso... Ele brinca com a simplicidade que nos faz voar.



"Os opostos se distraem
  Os dispostos se atraem."
                 O Teatro Mágico

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